domingo, 3 de outubro de 2010

Psicológico

Lágrimas cristalizadas no meu rosto eternizam em mim uma expressão morta. E aquele que quiser, um dia, desfazer essa feição, deve saber que ela nunca sairá completamente e que antes de tentar deve ter certeza da vontade, pois no momento em que essa máscara de tristeza se desfizer num sorriso, não haverá volta.

Minha psquiatra diz que essa minha resolução é psicológica, que estou doente e que aquela pilha de remédios que ela me receita vai acabar com isso, mas eu não acredito porque cada vez que eu tomo uma pílula daquela eu me sinto um pouco mais morta por dentro. E ela não é capaz de me dar motivos pr'essa doença.

Mas quem me vê sentada no chão, na porta da sala de aula, olhando o corredor com esperança de te ver passar concorda com ela.
É psicológico, me dizem.
Solidão não é uma escolha, eu respondo.
Sei que a psicologia não diz ser uma decisão o entrar em depressão, mas diz que é o sair dela. Se dependesse só da minha vontade, eu não estaria assim.

Irritam-me aqueles que me julgam como alguém que só quer chamar atenção. O caso é exatamente o oposto: quero não ser percebida como coisa que precisa de conserto. Quero que alguém, pelo menos uma só pessoa, perceba que há uma pessoa por baixo da lágrima de cristal que sente a tua falta.

Mas aí vem o psicólogo, me dizendo que esse querer é psicológico, que eu mesma projeto a imagem de objeto em mim. Queria ter palavras para dizer a ele que só um louco faria isso, que isso corrói aos poucos numa dor profunda. Vem ele e diz que tudo é psicológico.
Saudade é psicológico.
Querer-te é psicológico.
Solidão é psicológico.
Ter a carne desfeita é psicológico.

Mas tudo isso é amor.
E não há quem me convença que amor é psicológico.

Nenhum comentário:

Postar um comentário