Essas coisas não ditas que se transformam numa raiva nítida que ninguém vê, é isso que há.
Pare de me perguntar se estou bem, sabes que sempre direi sim, mesmo que seja não.
Pare de tentar fingir que me entendes e que se importas, não és um bom ator.
E daí se esses cigarros vão matar-me um dia? A intenção é essa: morrer mais cedo. Além do quê, são eles que me trazem a paz que preciso pra aturar.
Aturar tudo, até tuas perguntas incessantes.
Não estou dizendo que me irritas, só que tuas perguntas às vezes aborrecem. Principalmente agora que deste para implicar com tudo que faço.
Não, não estou falando sem pensar nem é o vinho que me deixa assim, são realidades.
As realidades que não digo, as realidades que só saem de mim quando as ponho no papel para que não me torturem mais.
Mas que droga! Se não as digo sempre é porque elas doem, em nós dois.
Agora é exceção, não estou aguentando, não sozinha.
Não posso dizer-te essas coisas, não quero ferir-te, não quero que sintas dor, não quero.
Não faça drama, sabes que me ajudas muito só em estar aqui! Tua presença é a única coisa que quase sempre afasta meu desejo de morte.
Perdão, perdão, vou parar de gritar, prometo, é que me fazes perder a cabeça com as perguntas que fazes justo sobre o que não podes.
Olha, por que não me abraças? É sempre tão mais fácil quando teus braços me rodeiam.
Sim, sei que hoje disse coisas demais, coisas que pesam, coisas que cortam, mas não podes só me abraçar? Tudo vai passar mais rápido se ficares bem perto de mim, eu prometo.
Vê? É assim, exatamente assim que deveríamos fazer sempre. Sempre me sinto melhor assim.
Sim, sim, meu amor, vamos esquecer, esquecer tudo, viajar, sumir, sei lá. Vamos pra longe, pra onde quiseres.
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