A água sopra seu gelo enquanto o vento flui sem delicadeza do meu rosto pra grama e pra além. Eu não me importava quando estava protegida pelo teu corpo, mas, agora que estou sozinha no chão do nosso bosque, o frio corrói. É estranho que numa floresta à noite não haja estrelas no céu, mas a Lua está magnifica, é um daqueles céus que te deixava admirado, lembra das vezes que dizias que a única estrela da qual precisavas era eu? Eu lembro...
Lembra de quando prometeste nunca me deixar sozinha? Vives quebrando tua promessa... Mas acho que foi minha mania de ver mais do que devo, estavas brincando quando prometeste e por isso não se lembra, não é? Eu quero acreditar que sim...
Ai, que ódio que me dava e me dá quando eu pergunto e não respondes... Mas tudo bem, tudo bem, eu não tenho mais o direito de perguntar... Fizeste questão de retirar esse direito - não que algum dia o tivesses respeitado. Só me admira o modo como o tiraste sem dizer palavra. Foi quando percebi que devia admirar de verdade essa tua capacidade de não responder a perguntas, mas eu não consigo não sentir raiva quando não me respondes.
Que ódio que estou sentindo agora. Como podes aborrecer-se comigo porque pedi as minhas coisas de volta? Não é justo que fiquem contigo! Sou eu quem ama, não tu. Tu não ligas, não te importas. Não precisas de nada que te faça lembrar de mim, no entanto, eu ligo e me importo, eu preciso de algo que me lembre de ti e só tenho as memórias na minha cabeça. Não é certo que tenhas algo pra te lembrar de mim.
Perdão, perdão, não tenho direito a criticar-te mais! Perdão! Perdão se toda vez que eu penso em nós dois eu sinto que me esbofeteiam a cara com força! Perdão por pensar em dizer que é característica do meu caráter quando estou fazendo duas coisas que sempre disse não ser capaz: pedir perdão e não falar pessoalmente. É como diz a música: "quando você deixou de me amar, eu aprendi a perdoar e a pedir perdão". E o pior de tudo, é que não consigo dizer que te odeio, porque não odeio, amo. Não sei sobre ti, mas eu sou uma pessoa melhor quando estamos juntos. E esse amor está acabando comigo. Não consigo pensar direito, não consigo ser eu direito.
Mas sabes, ainda poderias salvar o resto dessa noite, se quisesses. E isso é o que me machuca. Sabes que eu estou sempre aqui para ouvir-te, mas não apareces, não me ligas, tudo que tenho de ti é esse silêncio pesado. Estás realmente quebrando meu coração. Mas apesar disso, ainda tenho que te agradecer pelos momentos que passaste comigo, pelas coisas que ouviste, pelos abraços, pelos beijos. Talvez até pelas respostas não dadas. Talvez eu acabe crescendo ao aprender a não ter respostas.
Mas não agora. Agora não quero crescer, não quero saber, não quero ouvir. Só quero esquecer. Preciso esquecer.
Belas palavras e imaculável escrita, Virgínia.
ResponderExcluirLerei você sempre que precisar chorar um pouco.