Quando eu tinha quatro anos minha mãe morreu. Eu não sabia o que era morte. Num momento único minha irmã me disse que morrer é tornar-se estrela e não voltar à Terra nunca mais, viver para sempre no céu, olhando as pessoas e cuidando delas.
Depois desse dia eu comecei a olhar para a Lua todos os dias antes de ir dormir. Eu não sabia qual estrela era minha mãe, então pedia à Lua que lhe desejasse boa noite por mim e dissesse que eu a amo. Não era como ter minha mãe de volta, mas dava-me um pouco de conforto, como se ela estivesse mais perto.
Quatorze anos depois, é um hábito que eu mantenho e que sempre me alivia um pouco das tensões e preocupações. Até hoje. Mas agora, depois de passar esse tempo com você e de ouvir todas as suas conversas sobre corpos celestes, eu olhei pra Lua, pretendendo pedir-lhe que levasse meu recado, mas, pela primeira vez, ela falou comigo antes que eu pudesse pedir, e ela não falou da minha mãe, como eu sempre desejei, ela só fez lembrar-me de você.
Agora eu me sinto longe até da minha mãe por sua causa e fico aqui me perguntando por que eu me torturo assim. Não vale a pena parar de mandar meus recados para minha mãe só porque a Lua insiste em falar sobre você. E tudo que eu queria saber é se alguma vez você me amou, ou pelo menos gostou um pouco, mesmo que por um segundo. Não quero perder minha mãe de novo - agora que sei o que é morte - por causa de momentos em que fui um brinquedo.
Eu lhe emploro, devolva-me o direito de falar com a minha mãe.
Nenhum comentário:
Postar um comentário