segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Nada além de uma mágoa

Dói tanto que não posso explicar. Como pode doer tanto algo que já passou? Como pode doer tanto algo que não houve? Como pode doer tanto algo que houve? Como? Por que isso causa lágrimas? Nunca pensei que diria isso, mas agora eu não te abraçaria se estivesses aqui. Agora eu não te beijaria. Não sei se me acalmaria com a tua presença ou se meu desespero iria aumentar. Queria que estivesses aqui, mas pra me dar as respostas das quais preciso.

Até este momento eu não havia pensando nesses quilômetros que nos separam como algo que me impedissem de tocar-te, mas agora não consigo mais recompor a textura da tua pele só com o pensamento como há algumas horas atrás. Diga-me, por que existe ciúme numa coisa tão velha e tão simples e tão incoerente e tão impossível?

Não, é só uma mágoa. Só uma feridantiga. Só mais uma paranóia minha. Tem que ser. Queria você aqui p'ra dizer-me que é bobagem. Por alguma razão, que não consigo fazer-me acreditar que não é real. Por alguma razão, acho que conseguiria acreditar em ti. Por que acreditar mais em ti que em mim mesma? De qualquer forma, por que isso mudaria alguma coisa? É bobo.

Ainda não consigo esquecer o tom de felicidade que havia na tua voz quando era p'ra ela que você falava. Tanto tempo e isso veio perseguir-me hoje. Logo hoje que deveria ser um dia feliz com meus amigos. Droga de amigos fofoqueiros. Mas eu os amo. Ainda não consigo lembrar de algum dia no qual tua voz fosse tão feliz quando a conversa era entre nós.

Porra, por que tua voz era tão feliz p'raquela vadia? Ela te traiu, fez-te de idiota, brincou contigo, mas a merda da tua voz é mais feliz p'ra ela do que p'ra mim, que sou incapaz de fazer qualquer coisa que, mesmo em sonho, magoe você. E essa merda da minha insegurança. Que saco gostar tanto de estar contigo. Que saco gostar tanto de ti. Que saco ter tanto medo de perder-te. Que saco não te ter aqui p'ra dizer-me que não te perderei. Que saco que tu nunca dirás que não vou perder-te porque tu não me gostas.

Meu amigo está certo, que relação é essa de não-gostar?

Minha amiga está certa, que relação é essa de gostar-não-recíproco?

Por um segundo, eu te odeio. Mas não posso odiar-te por muito mais tempo, nem sabes o que está acontecendo comigo agora, estás em outro país. É um erro. É um erro, eu sei, é um erro. Tudo isso é um erro. O ciúme, a raiva. Talvez até a relação. Mas eu sempre erro nessas coisas, não sei escolher.

Uma vontade louca de gritar todos os palavrões do mundo. De fumar todos os cigarros que eu conseguir. De ouvir músicas que só pioram tudo. De ser o eu que eu não gosto. De me afundar mais na depressão que já me acompanha há anos. De dizer que preciso de ti. De conseguir não precisar. Pelo menos ainda posso escrever. E p'ra isso não há limite imposto: as palavras me vêm à mente infinitas.

Que vontade de perguntar e que medo de ouvir a resposta. O que há afinal? O que é real e o que não é? Nós somos? Acho que sim, ou não doeria tanto, infelizmente, acho que não p'ra ti, mas apenas pra mim. Para ti, o que somos, afinal?

Por favor, se for uma resposta ruim, não tenha medo de dizê-la: vai ser só mais uma mágoa.

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